quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sou um velho diário pedido na areia...

Na verdade eu sou um novo diário perdido na net... esperando que algo impactante me aconteça...esperando que a felicidade que só uma paixão pode dar não seja dependente de coisas que não tenho controle nenhum...

Esperando que você, Cara Pálida, deixe de me dar doses homeopáticas de felicidade em módicos encontros e em parcos dias da semana...

Por que desse jeito estarei à cata de emoções e atenções...

Resolvi escrever um conto infantil...

" Era uma vez uma menina que andava pelos quatro cantos do mundo em busca de um ser especial. Muitas vezes ela se enganava com seres não tão especiais assim, porque sua jornada era árdua e ela não gostava de ficar só. Então, sem querer, cometia erros. Achava uma coisa e depois descobria que não era bem aquilo que queria. Aí a menina pulava... pulava fora! Geralmente bem rapidinho, que não tinha muita paciência.

Os erros que cometeu só serviram pra aumentar a sua vontade de encontrar... o seu desejo de acertar. Achou também que deveria ser mais paciente. A paciẽncia é uma grande virtude. Mas em excesso, ela considerava burrice...

Encontrou um ser especial que lhe ofereceu uma pétala de rosa... a menina aceitou aquele presente tão especial, certamente de um ser especial. Aspirou o perfume, sentiu a textura da pétala... lembrou do seu imenso jardim... É, a menina tinha um imenso jardim, com todos os tipos de rosas, de todas as cores, aromas, texturas... Inclusive, daquele exato tipo de pétala, ela tinha demais, porque era extremamente comum...

Pensou, pensou e chegou a conclusão que uma pétala de algo que já se tem é realmente algo muito simples, portanto não era especial... Valorizava o presente, mas tinha toneladas de pétalas ao seu dispor... ficou então num dilema...

O que fazer? esse ser especial me deu uma pétala de rosa. Eu tenho isso já e nunca sequer dei atenção... qual o valor então de uma simples pétala?

Resolveu retribuir.Porque sabia que poderia retribuir... Como retribuir? Pesou, pensou e deu uma plantinha com pouca beleza, mas grande utilidade. A plantinha, se cuidada, tinha a capacidade de gerar uma alegria intensa em que a tocasse... se a plantinha desse flores, a alegria poderia se constituir num momento de felicidade plena... Era um presente raro... Mas precisava ser cultivada!!!! Não podia ser deixada demais no sol, nem de menos... Era uma plantinha delicada e como vinha do planetinha da menina, precisava também de cuidados diferentes dos daqui da Terra.

Ela, preocupada em se desvencilhar de sua plantinha, logo tratou de explicar ao ser especial, que o seu presente morreria muito rápido se não fosse cuidado... Explicou que era uma plantinha rara... que os cuidados que exigia eram recompensadores...

No primeiro dia o ser especial esqueceu de dar comida a planta... era uma planta carnívora e precisava de uma espécie de besourinho... ele precisaria sair de seu apartamento pra achar os besourinhos... Mas o ser especial só comia delivery... E não havia besourinhos delivery.... A plantinha ficou fraquinha, mas ainda conseguia transmitir alegria...

No segundo dia, o ser especial não deu de beber a plantinha. O que ele bebia não servia pra plantinha... e plantiha, coitada, morreu de sede... mas ainda assim, transmitia alegria e o ser especial a tocava toda vez que queria se sentir alegre.

No terceiro dia, a plantinha, que também precisava de atenção e que conversassem ternamente com ela, foi esquecida, porque o ser especial ficou jogando no computador e estava de mau-humor...

Aí a menina foi procurar saber como estava sua única plantinha da felicidade... Quando a gente tem uma coisa só, costuma cuidar dela. Se tivesse dado uma roseira, daquelas que tinha muitas e que não são tão exigentes, talvez nem lembrasse de procurar saber o que estava acontecendo...

- E então, como está a plantinha da felicidade?
- Ah, é muito trabalhosa. Eu também não preciso dela. Estou muito bem assim, do jeito que estou. Leve sua planta daqui...
- Mas eu não posso levá-la de volta sem condená-la a morte! Uma vez que se presenteia alguém com essa plantinha, não se pode mais fazer nada por ela... Só o presenteado é que pode...Ou alimentá-la com o que ela precisa, ou então deixa-la morrer por privação! O que você prefere fazer?
- Por que você me trouxe essa responsabilidade? Eu não quero essa responsabilidade. Não lhe pedi isso...
- É verdade! Não pediu! Eu apenas estava retribuindo a você pela sua pétala, que tanta alegria me trouxe...
- Por que essa pétala lhe trouxe alegria? Eu sei que você tem muitas delas em seu planetinha!
- Sim, é verdade! Há muitas lá e não significam tanto como a que me destes...
- E por que?
- Porque as que existem lá são cultivadas para embelezar o ambiente. A pétala que você me deu foi especial... foi especial porque você me deu como presente... e aprendi que cada um dá o que tem. Aprendi que devemos ser gratos á vida e à tudo que ela nos oferece...
- Talvez eu tenha lhe dado uma pétala sem pensar nisso... dei por dar... Não precisa dar essa dimensão!
- Mas eu dei... Cada um tem sua maneira de sentir as coisas... eu sinto que você é especial porque me deu uma pétala de rosa... estou errada?
- Está menina...Pegue sua plantinha e vá embora... Dê pra outra pessoa que a queira. Eu não quero. Estou bem sozinho...
- Está bem, irei embora. Mas a plantinha fica com vocẽ. está condenada a morrer com você, porque essa eu não posso dar a mais ninguém. Terei que esperar que surja uma nova semente dela, para ser plantada e quando estiver adulta, aí sim, poderei oferecer a outra pessoa...
- Mas ela já está morta! Como vai dar semente?
- Pois é... se morrer esta plantinha, não há como surgir uma outra dela...
- Acho que você chegou um pouco tarde... Ela está completamente morta. Não há mais nada a fazer! Sinto muito...
- Ela não morre... a alegria que ela transmitia depende do que você fazia cuidando dela... mas a felicidade que ela proporciona é algo que pode continuar...
- Como?
- Descubra... agora preciso ir...

E menina se foi... pensando em sua plantinha... pensando em sua pétala de rosa... pensando nesse ser especial...

O que vocẽ acha que o ser especial fez?

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