quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Síndrome da "Boneca Suzy"


Eu devia ter entre 7, 8, 9 ou 10 anos. Talvez menos, não sei precisar com exatidão.
Lembro com detalhes do dia... Minha tia Lindalva, que mora aqui em Salvador, foi nos visitar em Recife (eu morava lá, nasci lá, todo mundo sabe). Nos levou na seção de brinquedos das Lojas Americanas que funcionam até hoje na Rua Sete de Setembro (onde também tem a Livraria 7 e o cachorro quente com caldo de cana mais gostoso que existe, o "Cascatinha"...ah, o mais barato também!)

Estavamos em um némero grande crianças, os 3 filhos dela, meus 4 primos filhos de outra tia, eu e minha irmã Mison. Éramos 9 crianças. Minha Tia Neide, que fez parte do processo de nossa criação também estava lá.

Pois bem, "Tia Dalva" mandou que cada um de nós escolhesse o que quisesse. E cada um de nós foi escolher, não importando o valor. Minha Tia Neide chamou a mim e a Mison e disse ; "Escolham o balde de praia." E muito a contra-gosto eu e minha irmã tivemos que obedecer e escolher o balde de praia mais ximfrim do planeta, que não custava nem um décimo do valor dos presentes que todos os outros  estavam escolhendo, conforme suas vontades.

Eu queria uma boneca Suzy! E tive que levar um balde de praia. Isso me traumatizou! Todo mundo sabe o quanto é castrador um troço desses pra uma criança. Meus primos escolheram de autorama pra cima e minhas primas as bonecas Susy delas... enfim...

Hoje, ao encontrar Mison, que veio de Recife, soube que nossa Tia Laize tinha mandado um presente pra mim...

Bom, aos 43 anos eu ganhei uma boneca Barbie (não existe mais Suzy)... Uma Barbie Noiva! Ok, isso não cura o passado. Mas achei legal e espirituoso da parte dela!

Agora só falta meu pai trazer o velocípede que me prometeu... Aliás, pode trazer uma bicicleta ou uma moto... se achar mais seguro, pode me dar um carro que eu relevo!

Essa coisa de prometer e não cumprir é terrível! É por isso que tenho pouca tolerância a quem promete e não cumpre.... Se disse que vai ligar, ligue! Se disse que vai fazer, faça!

A "Síndrome da Boneca Suzy" me acompanhou por anos... A Barbie eu vou dar de presente a minha primeira neta...quando eu tiver netas! Tá prometido... Ah, e óbvio, eu sou ultra-super-extra-master cumpridora de tudo que prometo... Trauma é trauma...



quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O luto, o abraço


Eu andava pela Rua da Solidão e incrivelmente tinha ido lá encontrar com uns amigos. Achava até poético o nome da rua. Era um lugar cheio de carros nas calçadas, muitos bares, muita movimentação. Mal cheguei e já acenaram pra mim... Que bom que alguém estava de olho na rua bem na hora que cheguei, pois não enxergava ninguém nesse dia. Levei meia hora procurando a chave e os óculos... só achei as chaves...
- Finalmente!!!!!  (Foi dizendo a Chiara e me dando três beijinhos na face)
- É, finalmente!!! (Disse eu que não saia de casa a mais de um mês e recebia convites e telefonemas quase que diários pra sair)
- Acabou o “retiro” ? (Perguntou Abey com aquela expressão que lhe é peculiar.)
- Ela tava num retiro? (Perguntou cheia de curiosidade Melanie)
- Você não sabia que ela sumiu por mais de um mês? (Disse Abey.)
- Deixa ela contar!!!! Bora Gail, desembucha logo! (Disse Chiara)
- Galera é o seguinte, por mais absurdo que pareça, eu tava em casa esses dias todos. Saía o necessário... Visitei alguns lugares que nunca tinha visto, aqui mesmo na cidade... Fiz excelentes fotos. Mergulhei em mim mesma, sabe? Em nenhum momento eu disse que tinha viajado ou que tava em retiro... Apenas dei um tempo pra reflexionar e analisar coisas... hábitos... posturas... E resolvi mudar umas coisas aqui e ali...
- Não era mais simples você pintar o cabelo e mudar o corte? (Disse Nanabara que tinha voltado do banheiro  nesse momento.)  Aliás, turbante ta na moda? Ficou bárbaro em você!
- É mesmo! Onde você comprou? Adorei...retrô... (Disse Chiara)
- Ganhei de minha avó... Aliás, eu não contei pra vocês antes, mas minha “Voinha” morreu... Dia 05... Hoje ta fazendo dois meses...
- Ah, entendi... Você tava de luto!!!! (Disse Abey)
- Na verdade lidar com as perdas é sempre um desafio. Por mais preparado e espiritualista que a gente acredite que é, é sempre um baque saber que não vamos mais ver aquela pessoa... No caso de Voinha, eu sei que ela continua existindo... Não apenas nas minhas boas lembranças... Mas em algum lugar...
- Velho, bom acreditar nisso... acho que de alguma forma dá um certo conforto... (Disse Abey.)
- Eu não consigo acreditar em nada além do hoje! (Disse Nanabara com convicção.)
- Eu fico na dúvida... nem acredito... nem desacredito... (Disse Chiara, me abraçando, querendo me confortar).
- Mas é isso... a gente já nasce sabendo que um dia vai morrer... É estranho... Até acontecer com alguém que gostamos de verdade... Mas eu tou bem gente! Só aproveitei  esse tempo pra repensar umas coisas... Basicamente coincidiu com minhas férias... Aí fiquei em casa...
- E sua viagem... Você não tava de passagem comprada? (Disse Chiara, a única que sabia que eu ia passar um mês pela América Latina.)
- Adiei... Agora que não é mais “segredo”, podemos planejar de ir juntos!
- E era segredo? (Pergunto Abey?)
- Nada... aposto que todo mundo sabia, né Chiara?
- Oh, amiga, deixei escapar quando tava todo mundo preocupado porque seu celular só dava caixa... Nenhuma postagem no Face... Você sumiu, né? Contei pra sossegar o pessoal (Disse Chiara.)
- Na verdade eu tenho essa necessidade de fazer minhas coisas, do meu jeito, no meu tempo... Adoro vocês, nossa amizade, mas não é tudo que eu quero contar, compartilhar, dar satisfação, entende? Umas das coisas que pensei por esses dias é justamente  o quanto a gente se expõe nas redes sociais... Fica todo mundo sabendo onde a gente ta, com quem ta...
- Ops! (Deixou escapar Nanabara)
- Que foi? (Disse Chiara)
- É que quando soube que você ia aparecer hoje postei no Face banheiro e vi que você veio mesmo, tirei uma foto e enviei... Tá vindo o resto do pessoal aí... Seus fãs, né?
- Mas criatura, quem disse que eu quero ver o resto do povo?
- Pô, o “resto” ? (Protestou Abey)
- O resto dos mortais, Abey... Vim aqui dar um abraço em vocês... Não quero demorar...
- Então vamos fazer um brinde... (Propôs Abey, que já tinha feito sinal pro garçom desde a minha chegada e que só agora trazia mais um copo.)
- Garçom, por favor me traga uma água de côco. (Disse eu)
- Bora beber, Gail!
- Parei de beber!
- Como assim parou? (Disse Chiara.)
- Parei... cansei... não me fazia bem... eu também não gosto de cerveja, todo mundo sabe disso!
- Sim, mais e o vinho? Você sempre gostou! E nossos encontros pra beber vinho? (Perguntou Abey.)
- Podemos dar continuidade... Se der vontade, quem sabe eu beba... Mas é um dia de cada vez... Só por hoje eu parei...
- Entrou pro AA? Você não precisa amiga! (Disse Chiara)
- Entrei não... Mas conheço um pouco da filosofia... É muito interessante... Aliás, Chiara, a gente sempre acha que para quando quer, que bebe só socialmente... Mas se a gente for analisar profundamente, a história é outra...
Nisso foi chegando Samara com mais dois amigos que eu não conhecia.
- Quem é vivo sempre aparece! (Saudou Abey.)
Samara me abraçou demorado e apresentou seus amigos.
- Gail, que bom te ver menina! Olha esse é o Egon e esse é o Paix.
Egon tocou na minha mão. Nem apertou nem nada... apenas tocou e sorriu. Paix me abraçou demorado, como se me conhecesse a anos e nunca mais tivesse me visto...  Como os outros amigos estavam sentados, Egon apenas acenou para eles. Já Paix, rodou a mesa e cumprimentou um a um. Veio garçom com a água de côco, pedimos mais cadeiras e nos acomodamos.
-  Gente, eu adorei encontrar vocês... Mas ta chegando a minha hora...
- Ah, mas você acabou de chegar! (Protestou Abey.)
- Eu disse que só ia dar uma passadinha... Samara, preciso falar com você. Quando pode me encontrar?
- Olha eu vim pra cá pra te ver... Posso te levar pra casa...
- Gente, é isso... Eu vou com a Samara, ta? A gente se fala... (Tirei da carteira o dinheiro do côco e pus sobre a mesa.)
- Mas Samara, nem vai conversar direito com a gente... e seus amigos?
- Meninos, fiquem á vontade... Vocês podem ficar... é que não vim pra ficar muito tempo... Trabalho amanhã cedinho. (Disse Samara.)
Paix  conversava com Chiara e Egon estava em silêncio, entre Samara e eu.
- Muito bom conhecer vocês, mas eu também preciso voltar. (Diss Paix, se levantando e Chiara fez uma cara de que não gostou.)
- Eu tou de boa, vou ficar! (Disse Egon. Nanabara não consegiu disfarçar sua aleria ao ouvir isso. Abriu um sorrisão.)
- Mas vamos tirar uma foto desse momento, gente! (Disse Nanabara sacando seu celular... Click, click e em menos de dois minutos já estávamos todos no Face pra que todos pudessem ver.)
Nos despedimos. Fomos andando até o carro de Samara estacionado um pouco afastado. Paix se colocou entre nós duas e nos abraçou. Achei legal e saímos os três abraçados. O carro dele estava atrás do dela. Ao chegarmos ele disse:
- Você gostaria de minha companhia até sua casa? Samara mora do lado oposto da cidade. Tenho certeza que o assunto de vocês pode esperar até amanhã...
- É Gail, o Paix é praticamente seu vizinho. Se você quiser ir com ele, sem problemas. A gente marca amanha na hora do almoço... Ah, e pode aceitar a carona dele sem medo... É um cara super do bem...
- Não tenho medo das pessoas, Samara... Tudo bem... Você me leva Paix... Eu te ligo amnhã e vemos o melhor horário...
Assim foi feito. Paix foi conversando e eu também. O trajeto era curto, mas ele deu uma volta e fez o caminho mais longo. Mesmo assim em 15 minutos estávamos na frente de casa. Sabe aquela sensação gostosa de que ainda temos muito pra falar, pra ouvir, pra dizer?
- Chegamos moça...
- Pois é moço... adorei conhecer você. Pena que foi tudo muito rápido...
- Também achei... me dá teu telefone... Podemos combinar alguma coisa...
- Claro... me dá o teu que te ligo... (Ele deu, eu liguei, ele gravou... Desceu do carro, me levou até a portaria... me deu aquele abraço demorado... Senti melhor seu cheiro... Alto, forte... Um abraço protetor...)
- Você sabe que não está me conhecendo agora, não é?
- Tenho essa impressão... que te conheço de muito tempo...
- Não é impressão apenas... Tudo na vida tem uma finalidade. As pessoas, situações que vivenciamos, nada é em vão...
- Também acredito nisso...
- Pois bem, conte comigo daqui pra frente...
- Ah, adoro dizer isso pras pessoas também... E elas sabem que podem contar comigo...
- Agora vá... Chame uma faxineira amanhã...
- Como você sabe? Tá uma zona meu apê...
- Normal, depois de seu luto e de toda essa sua fase...
- E com você sabe de minha fase? A Samara te contou alguma coisa?
- Não, imagina! A Samara é muito fiel nas suas amizades... Não agimos diferente uns dos outros... O que você sente e passa agora é muito parecido com oq eu senti e passei anos atrás...
- Você também perdeu um ente querido?? Quanto tempo?
- Milênios... (E sorriu enigmático... Fiquei parada  um tempo... Ele me abraçou demorado de novo.) Vá moça... durma com os anjos...
E eu fui... Com uma tranqüilidade e serenidade tão grande... Pensei em mil coisas, mas todas elas tinham uma conexão com Paix... E se ele sumisse? E nunca ligasse? Bom, e daí? Um dia de cada vez... E se fosse casado? E se tivesse um grande amor? Mas eu preferia pensar que estava tudo muito novo... E que todo esse arrebatamento não tinha razão de ser... Vamos dormir... amanhã é outro dia!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Relfexões pós-niver

Esse ano a fase do meu aniversário foi em Praia do Forte com um grupo pequeno, de dez pessoas, todos oriundos do Couch Surfing, com exceção do Alex, que foi nosso anfitrião e é amigo de um milhão de anos do André.

Foi uma coisa do outro mundo a nossa saída aqui de Salvador, pois horários, carros e outros compromissos fizeram com que finalmente chegassemos lá por volta das 17h.

Saímos, comemos, demos umas voltas e fomos pra piscina do condomínio. André comandou um Luau e cantei, cantei... Ah, a águatava morniha e demos muita risada também. Na foto acima, da esquerda pra direita, Flavia, Vanessa,André e eu.

No domingo de manhã, acordei cedo, peguei uma toalha e uma almofada e fiquei relaxando nessa grama e com essa vista. Quando o pessoal levantou, eram cerca de 9h e  o carro de Flavia (que estava estacionado na frente do condominio)  ia sendo rebocado quando Vivian tava saindo... Corremos todos. Falamos que não vimos a placa e o reboque não levou. Mas o de Vivian já tinha ido pro pátio. Ela foi lá com o Gistavo e conseguiu a liberação! Ufa!Nesse interim, fiz a torta de limão, pois estávamos combionados de ir a reserva de Sapiranga.

A Reserva de sapiranga é um lugar incrível, com rios, cachoeiras, muitas trilhas e eu simplesmente adorei! O nível de dificuldade das trilhas é muito baixo e não se anda por horas e horas (coisa que não gosto) pra se chegar nos lugares incriveis! Na foto acima só faltam a Vivian e a Carol, que precisaram voltar logo pela menhã.


 Esse foi nosso primeiro momento, onde entramos nesse rio delicioso... Nadei... passamos numa ilhazinha, muito, muito delícia!!!




A cachoeira, com quedas dágua fortes e massageadoras são deliciosas! Saímos de lá todos com uma energia incrível e super relaxados... ainda tivemos aventuras na volta, quando mandei seguir pro lado contrario da pista.... Ah, demais!

 
 
Acho que o dia 20 foi uma data de renascimento pra mim. Decidi parar de beber. Não é a minha praia mesmo. Comecei com 36, não gosto de cerveja e passo reto na seção de bebidas no supermercado. Bebia única e exclusivamente em situações sociais. Mas me prefiro sem isso. O contato com a natureza, que tanto gosto, com as pessoas queridas e com esse tempo pra parar e pensar um pouco mais sobre minhas escolhas pra 2013 me fez tomar algumas decisões. Claro que essas decisões já vinham sendo conjecturadas. O lance é o momento da decisão... Comecei a caminhar hoje também. Ah, meu corpo é um templo... O problema é que estava um tanto mal cuidado... A partir de agora, corpo e mente terão o almejado tempo que necessitam... Ahhhhhhhhh... essas são as relfexões pós niver.... E que venha a comemoração fase 2!!!!
 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Multidão

Você sempre remete ao mesmo ponto
Que o nível de carência em que me encontro
Precisa ser tratado, precisa se resolver
E eu só posso te dizer
Você julga me conhecer...
Mas você nunca ouviu minha voz
Não sabe do "cheiro do meu humor"
Não sabe a cor da minha solidão
E mesmo asssim
Você pode estar ao meu lado na multidão
E andar em sentido contrário, na contra mão!

Agora se eu partir pra analisar
As suas mil maneiras de me evitar
E as suas saídas à francesa
Claramente vou identificar
Alguém que segue as regras, as medidas
Alguém que não entra num ringue pra lutar
Apenas planeja e adia...

Talvez eu esteja pronta pra assumir
Que não considero transgredir
Me deter por um tempo nos degraus da escada
Nem vou e nem quero me ocupar
Das coisas que eu não costumo acreditar
Se quiser, chame isso de rebeldia....

Salvador, 15/01/2013  16:12h


PS - Eu também me sinto uma multidão! Por que não?

Revelação

Eu só posso  impactar teu sentimento
Quando você se descortinar
E revelar, ao meu olhar
Como de fato és, por dentro

Eu só quero, por um segundo imaginar
Que tua atenção, naquela momento
Era pura, cheia de boa intenção
Mas lamento!
Porque somes no ar
E custas a religar
A conexão que nos fez estar
No mesmo lugar
Ao mesmo tempo

E sobre tudo que pensastes de mim
Tens razão
Em parte sim
Julgo que banais palavras são poemas
E que minhas inquietações
Provenientes de variadas emoções
São fortes dilemas
Aceito abertamente o que vier de ti
Pode também ser assim
Desde que não me temas...

Salvador, 15/01/2013     03:15 h


Um amor para amar

Sinto falta
De andar de mãos dadas
Fazer planos
No meio da madrugada

E de ser, a sua namorada....


Já faz tempo
Que aposentei expectativas
Como livre que sou
Possuo as minhas saídas
Mas não tenho vergonha de confessar
Eu quero um amor para amar
Eu quero me apaixonar
Sem medo
Sem despedida



Em tempos de sexo casual
Eu quero um romance à moda antiga
Procura-se um parceiro ideal
Pra dividir os sonhos
E compartilhar a vida

Eu quero um amor para amar
No coração cultivar
O que de melhor há na vida
Eu quero um amor para amar
Alguém pra compartilhar os sonhos
E dividir a vida

Salvador, 15/01/2013   03: 18h