terça-feira, 26 de abril de 2011

As certezas são um tanto perigosas...




Estou aqui atolada de textos e trabalhos do mestrado... Sim, eu também estou acorrentada no calcanhar do meu trabalho e das formas necessárias de sobrevivência... perdendo as asas... e por mais que pareça simples, não é!! Dói pra caramba!




Conto cada dia que passa do meu processo de afastamento do Estado... Quero o que? Que o Estado me pague 100% dos meus rendimentos e me dê dois anos de licença para que eu possa estudar com dignidade! (rs) Se esse direito (existe lei pra isso) me for negado, tou realmente frita... pelo menos nesse primeiro semestre!




Essa vida de corre-corre não chega a me estressar (mas o trânsito me irrita profundamente!), mas que acabou-se aquele "relógio biológico" de dormir 22h e acordar 6h.... acabou!!! Agora eu durmo a hora que acabar de fazer as leituras e tabalhos e acordo mesmo um pouco antes das 6h. E olhe, que estou fazendo o básico, o exigido, nada além! Queria mais tempo, pois fico muito cheia de idéias e vontade de escrever... e isso também exige tempo!





Recebi de Celi o vídeo "Capitalismo & outras coisas de criança" e vi 51 minutos de elementos de discussão e "ideologias" instigantes... O apresentador e roteirista Paddy Joe Shannon é muito convincente na sua argumentação simples e acessível. Faz a gente querer se mover em alguma direção...





Para mim, a poesia, com suas poucas linhas e síntese de palavras é uma espécie de contribuição. Quando nada estou registrando o pensamento. Isso pode ter algum valor...



Não sou uma pessoa "engajada"... não tenho um rótulo desse porte. Mas sou uma pessoa que acredita em algumas coisas e está com as mãos "balançando na rede" e os dedos no teclado sem maiores pretensões, mas agindo no meu passinho de formiguinha. Melhor que nada, né? Também tou naquela busca eterna do eu, do meu melhor, enfim, essas coisas da existência... E vivendo... mas vamos ao que considero os "pontos altos" do filme:



1) Não nos importamos com a morte de milhares de pessoas porque não vemos (ou não temos necessariamente que querer ver).... E não vemos tanta coisa ao nosso redor, né? E ainda pior que não ver (ou fingir não ver) é não atuar! Para mim, que vejo apenas o que é confortável ver (não sou hipócrita!) fica sempre um "bichinho" me roendo, sabe? E eu vou passando ao largo... Sinto falta de um ponto de partida... De algo maior e mais intenso que eu faça com um propósito mais significativo. O que eu faço em sala de aula não conta muito: estou ganhando para isso! Sinto falta de algo além! E você?



2) Por que não usamos a tecnologia para alimentar a todos no globo? Morrer de fome ou em decorrência dela me parece muito ultrajante, face ao que produzimos... Grandes dilemas da humanidade nos parecem tão insolúveis... não há nda insolúvel para nós, quando de fato queremos...


3) Mas por que há necessidade de pobres e ricos mesmo? Shannon fala do poder... mas como alterar a rota do poder estabelecido sem mexer nas bases, na sustentação disso? Complexo...




E para não ficar muito longo isso aqui, eis um dos recados do Paddy, textualmente: "Questione as bases de nossa sociedade moderna por você mesmo, pense sobre ela, então vá e pense o que fazer sobre isso."



É o que estou tentando fazer... E quanto mais leio ou compreendo sobre o capitalismo, mas me vejo (apesar de inserida nele!) distanciada das suas bases. E sim, a sociedade tal qual como a conhecemos é passível de uma completa mudança (revolução é a palavra, mas está tão associada à luta armada, que prefiro não usá-la)... Não sei precisar quantos anos ainda temos para vê-la gradulamente se transformar... Mas sim, vai mudar e independentemente de um movimento organizado por mim ou por você... é algo um pouco maior... mas claro que se a gente muda, o mundo muda também. Complicado isso... Sei lá... não quero também ter muitas certezas... as certezas são um tanto perigosas...



Gostaria de ser isenta de influências... mas estamos aqui... e isso é impossível! No mais, faltam nove anos para eu arregaçar as mangas e colocar meus projetos (aqueles em que a gente não fica só na contemplação) para andar... Nenhuma idéia nasce hoje e fica corporificada amanhã... elas nascem um dia, certamente, mas se estruturam ao longo do tempo. Tempo em que crescemos e ficamos aptos para abarcá-las...



No mais, li um texto que considerei complexo... Dum doutor em filosofia chamado Cheptulin... Sinceramente? Não dá para gostar daquilo que não compreendemos de fato... E vamos e venhamos, escrever com simplicidade, para que todos possam entender parece ser um crime inafiançável... Até mesmo best sellers muitas vezes são chatos e incompreensíveis... Mas as pessoas compram e ao comrparem (mesmo que não leiam ou não os entendam) somam dígitos...



Falando por mim, prefiro as idéis escritas de tal forma, que não seja necessário gerar dúvida, entende? Não é preciso ser difícil para ser bom escritor... É preciso atingir um fim... Bah!!



Meu conselho a todos os escritores, pensadores, enfim : escrevam para serem degluitdos e absorvidos... senão corre o risco de não alimentarem nada e nem ninguém!! (rs)




E nós, os poetas? Bom, não estamos aqui para sermos completamente entendidos mesmo! Podemos usar nossa linguagem metafórica sem maiores problemas... A função social dos poetas não é necessariamente igual à dos outros... No dia que eu pensar diferente... aliás, não posso pensar diferente... eu não mando na minha poesia... ela é quem manda em mim... e ponto.



Salvador, 27.04.11 22h 04 min



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