sexta-feira, 7 de março de 2008

Palavras são “nadas”

Escrevi um poema (Confissão) em que dizia estar disposta a pagar o preço... pelo sentimento que poderia ter ... Julio escreveu esse... botou um título que não condiz com a mensagem... Abaixo o dele... depois aminha resposta... pena que aqui não dá pra ficar lado a lado...

Vamos por partes...

Confissão

Eu preciso dizer que te admiro
Que te percebo constantemente
Mas eu sou sol,
Somente...
Apenas,
Semente...
Sóbria,
Latente...

Eu preciso dizer que tenho calma
Pra pescar tua alma
E te suster por um fio
Displicentemente...
Não é difícil
Nem impossível
Mas é um desafio
Crescente
Desprovido de cio
Descartado da mente
Intercalado por escadas
Com degraus intermitentes
A gente sobe e desce
E não sai do lugar
A gente cai e esquece
De ir a algum lugar...

Que pena!
Eu só posso lamentar...
Infelizmente...

Eu preciso dizer que não entendo
Que mesmo te vendo
Eu não te enxergo...
Mesmo te tocando
Eu não te sinto
E mesmo buscando
Eu não te acho
Portanto, faça o que eu digo
Mas não faça o que eu faço....
Porque essa coisa insólita
Tem um preço baixo
Estou disposta a pagar
Pra apagar o teu rastro...

Salvador, 27/02/08 20:44h

Palavras por parábolas para parar as bolas nas parabólicas do Planalto...

Palavras que falam caladas
Nas salas
Nas matas
Nas noites embaladas
Palavras que calam faladas
Nas ruasNas praças
Nas caras enjauladas
Palavras que não falam
Dos calos que não calam
Das dores que não param
Das respostas que não vêem
Pelos medos que se têm
Pelas peles e pelos
Corpos em apelos
No puro ar...
Ventos por trás dos muros
Nos furos...
Nus em apuros
Um casal no escuro...
Agora eu quero
Mas não procuro
Por um futuro vago
Quanto é?...
Apegos que têm preços
Eu pego...
Eu pago
Será que mereço?...


06/03/08 Júlio Nessin

Palavras são "nadas"

Palavras são “nadas”
Nas coisas ditas
Apagadas e deletadas
Das mentes fechadas
Das manhãs acordadas
O que nós temos?
Nada!?

Nas pontes
Nos montes
Nas faces ocultas
Palavras que lutam
E permutam
Desejos secretos
Sentimentos concretos
Ações abstratas
Palavras que você não tem
Nem mais ninguém
Nas respostas que não vêm
E nem convém
Mais buscar

Pelas frestas que escoam
Pelos íngremes começos
Pelos tropeços
E o tênue apreço
Que você me suscita
Isso me inquieta
E me possibilita
Te dizer claramente
Que em mim você não habita
Mas fenece
Como quem padece
De uma dor infinita....


Agora eu te quero
Amanhã não mais
A fila anda
Você fica atrás...

Agora eu te ligo
E digo:
Seja capaz
De não vislumbrar futuro
Nem rumo, nem prumo
Apenas um “não-sei-que “
Que satisfaz


Não é nada
E é tudo
É um imenso e profundo
Mundo
Pra gente perceber e entrar
É só você querer
Nada temer
Nada buscar
Simplesmente se arvorar
Sem pistas, sem rotas
Se perder em mim
Me achar em você...
Mesmo sem crer
Mesmo sem querer
Mesmo sem se envolver
Mesmo sem deixar
O sentimento crescer
A porta da ilusão abrir
A janela da emoção pular
Sentir o coração bater
Sem ânsia de te consolar
Eu sei que um dia o fio vai partir
E nada podemos fazer pra evitar
O peso da solidão sentir
O preço da liberdade pagar

Será que eu posso
Deixar só o tempo passar?
Deixar evoluir
Ou deixar naturalmente morrer?
Ir ou vir
Ficar ou assumir?
Esquecer ou continuar?
Fingir que não dá
Que o tempo é escasso
E a relação sem espaço
Pra crescer e se espalhar...
Não sei
Não dá
Pra decidir sozinha
Por isso vou ficar na minha
Até você se pronunciar...
Será que mereço?
Sim!
E se depois a dor
A desilusão for o preço
Não vou reclamar
Tudo na vida é assim
Um constante antes e depois
O que esse “durante” pode nos ensinar?

07/03/08 07:53h

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