segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Mercy Street e o Vampiro Waldy

Eu ouvia com meus fones de ouvido "Mercy Street" do Peter Gabriel e me sentia enlevada. Na rua escura via um vulto alto, vindo em minha direção. Passva de cinco da manhã e o fato de eu morar ali me fazia confiar em todas as ruas. Geralmente não temos medo de andar no nosso bairro. E o meu não é nada perigoso. Mas o que é e o que não é perigoso nessas capitais?

Cada vez mais próximos e em sentidos contrários a gente ia se aproximando. O vulto foi se aproxiando e fatalmente iríamos passar frente à frente.

Quando ficamos a cerca de 50 cm um do outro eu pude reparar melhor no cara. Ele vestia uma capa preta e parecia ter vindo de uma Festa à Fantasia. Ele tinha um cabelo bem escuro, liso, espetado e relativamente curto. A pele era super branca e eu achei que fosse a maquiagem da "fantasia". Os olhos eram de um verde esmeralda faiscante. Esse efeito "faiscante" eu nem sabia que já estava à venda e até pensei : "Esse cara caprichou nos detalhes... Agora só falta ele me paquerar e morder meu pescoço!".

Paramos frente a frente. A música acabou bem na hora e entrou na lista do meu celular o A-ha... O sol dava indícios de surgir e o estranho, ali parado na minha frente sem dizer uma palavra parecia ter uma grande urgência...

- Tudo bem? (Perguntei quebrando o gelo)
- Tudo sim... (Disse ele estendendo a mão gelada e me penetrando com seu olhar faiscante.)
- Tá fria sua mão...
- E tá quente a sua... Aliás, você emana uma espécie de calor incrível, sabia?
- Não, não sabia. Já ouvi todo tipo de cantada, mas acho que essa sua supera tudo!
Ele sorriu enigmático, e ainda segurando minha mão foi se aproximando... se aproximando... Nisso apareceu um policial não sei de onde. Acho que tava tão hipnotizada pelo cara fantasiado de Conde Drácula que nem vi o tal policial. E esse tal policial não tinha nada a ver com os policiais baianos. Primeiro que ele era ruivo e ruivos por aqui são raridades. Tinha cerca de 2 metros de altura, careca, cavanhaque e emanava um perfume encantador. O policial também parou na minha frente, ao lado do Vampiro. E eu pensei : "É hoje que tiro a barriga da miséria!" Mas aí eu já não sabia qual dos dois era mais interessante e atraente... Os dois! Oh, confusão!

O policial, rapidamente tirou umas algemas estanhas, muito mais grossas do que as que geralmente se usa por aqui. Numa fração de segundos prendeu o Vampiro. E ele protestou!

- Você não tem o direito de me prender! Não estamos sendo procurados aqui! (Mas aí ficou calado, de costas pra nós.)
- Você infrigiu sua condicional! Não pode se aproximar dela e sabe disso!
- Como assim? Eu nunca vi esse cara antes... Que história é essa? Acabei de conhecer! Quem é ele afinal?
- Um de seus muitos "maridos"... Não lembra?
- Que maluqiece é essa? Vocês tão loucos? Usaram drogas? Já sei, você veio da mesma Festa à Fantasia que ele. Esse seu uniforme não tem nada do verdadeiro uniforme da polícia daqui...
- Exatamente, Goo-hel... Esse uniforme é da Polícia Transplanetária e esse indivíduo aqui estava prestes a te sequestrar!
- Vocês são muito criativos! Muito legal essa encenação toda! Mas tá amanhecendo e eu preciso ir. Valeu pela "pegadinha"... As fantasias estão perfeitas. Onde alugaram? Preciso de uma fantasia de Cleópatra pra uma festa daqui a uns dias! E como você sabe meu nome, senhor policial intergalático?
- Todos sabem onde você está... Seu disfarce expirou... Precisamos falar a respeito disso...
- Meu disfarce? Estou disfarçada também? Que massa! A propósito, estou disfarçada de que? De pobre coitada professora trabalhadora? Porque tá muito duro pagar minhas contas, viu? Quero um disfarce de Magnata, tá?
- Não... Você está disfarçada de humana... Terráquea...
- Acho que eu bebi muito essa noite... Toda essa conversa louca me parece divertida... Mas não é melhor soltar seu amigo... Ele parece que não tá curtindo muito...Olha só como está imóvel... Fala aí Conde Drácula de araque!
- No momento que coloquei as algemas ele foi teletransportado para nossa prisão flutuante... Observe... ( E virou o cara para nós)
Aí eu acho que tive uma alucnação! Das brabas! Quer dizer, eu nunca tive uma alucinação! Nunca usei nada ilegal. Mas já tinha lido a respeito. E fiquei muito supresa em perceber que o charmoso cara fantasiado de vampiro era agora tipo um holograma. Imóvel e transparente. E o ruivo estonteante acionou um botão na algemaa e o cara sumiu... Assim, do nada! Oxe! O sol foi saindo...com seus raios cor de rosa bem choque!

Antes que eu falasse qualquer coisa o ruivo meio que tentou me hipnotizar. Disse pra eu esquecer o que vi e ir pra casa como se nada tivesse aconetecido e ao acordar acreditar que tive um sonho enigmático com aquela situação. Me acompanhou até em casa. Entrou no meu prédio e tudo. E eu levando o estranho para casa na maior... Ainda meio confusa. Entramos no meu apartamento. Fiquei muito chateada pensando em como deveria ter ido fazer depilação naquela semana... Mas enfim...

- Você não obedeceu meu comando hipnótico! O que está acontecendo com você?
- Boa pergunta! Que balela é essa? Eu nem preciso achar que isso é um sonho, porque tá na cara que é... Me explica isso direito. Aliás, você deve ter um nome. E já que está aqui na minha casa, sente-se! Fique à vontade e aceite um drink...
- Meu nome é Omy...
- Por que isso não me soa estranho??? Omy...Omy... Omy... Ah, claro! Eu criei você numa de minhas histórias. Que viagem! Estou sonhando com meu personagem... Será que colocaram alguma coisa na minha bebida lá na festa? Eu acho que tou viajando!
- Presta atenção! Você está começando a recobrar sua memória. Também consegue ver a nós. Em breve vai acessar sua história...E você já está atuando na sua missão. Mas não era para era pra ser assim...
- Tá... Sirva-se de alguma coisa ali ó...vou rapidinho banheiro...

Por mais louco que o cara paecesse, ele era a cara de meu personagem. E eu não posso ter medo de meus próprios personagens quando eles me aparecem, seja sonho ou não. Fui ao banheiro, peguei o barbeador... Me depilei... lavei... saí do banheiro e sabe o que vi?

Conto outra hora. Meu colega de tabalho que me dá carona tá de saída! Preciso ir!

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