Parte I
Acordei. Achei que a chuva
estava deixando a luminosidade um tanto estranha, mas isso não era tão incomum.
Consultei o celular e eram 7h da manhã, como sempre. Achei o ar opressivo e
pesado. Isso era diferente pra mim. Fui me arrastando até o banheiro. Abri o
chuveiro e não saiu água. Quase que me sujo naquela mistura de uma coisa
gosmenta e escura! Vixe! Aí eu me assustei! Meu coração acelerou e eu desliguei
imediatamente o chuveiro. Iria interfonar pra administração do prédio, mas
ainda era cedo. Será que estavam fazendo alguma manutenção nas caixas d´água?
Na pia da cozinha a mesma coisa... Eca!
Me arrumei e saí do apartamento. Elevadores parados e só
as luzes de geradores funcionavam. Estranho... A garagem super escura... Peguei
o carro e saí rápido. O portão eletrônico estava escancarado. Estranho...
Não vi um só carro no meu trajeto até o trabalho. De
repente a cidade parecia como nas madrugadas, quando atravessamos grandes
distâncias sem muitos carros no caminho. O radio do carro também não funcionava.
Mas fazia um zumbido estranho....BBXXXXSSSSS, parecendo um assovio, sei lá.
Peguei o celular. Algumas mensagens da noite anterior
estavam lá. Tentei ligar pra minha mãe. Nada de sinal. Liguei pro trabalho. Não
completou. Já estava sentindo um misto de medo... Aliás, os sinais de trânsito
todos apagados era também estranho. Será que ocorreu um apagão?
Dirigi por uns 15 minutos sem cruzar com nenhum outro
carro. Onde estavam as pessoas que trabalham nessa cidade? Será que decretaram
alguma coisa e eu por não ver TV não fiquei sabendo?
Parei na frente de uma delegacia. Porque uma delegacia
teria que estar funcionando. Fiquei estarrecida com o que vi. Custava-me acreditar. Saí correndo da delegacia e entrei
no hospital, no outro lado da rua. Fiquei ainda mais intrigada e confesso que
comecei a achar que estava num pesadelo. E como já tenho técnicas de acordar em
meio aos pesadelos, comecei a dizer pra mim mesma : "É só um sonho! Não é
real. Não há o que temer! Não morremos nos sonhos!".
Entrei no carro e não fui ao trabalho. Fui na casa de
minha mãe na Ladeira da Barra. Tenho uma cópia da chave. Torcendo para ela
estar lá. Entrei na casa silenciosa e não encontrei ninguém.
Não havia ninguém em parte alguma... O ar ficava mais e
mais opressivo. O sol, que tinha sumido totalmente, não apareceu. E sem os
postes acesos, era tudo penumbra...
Estacionei na igreja de Santo Antonio, aberta, mas
silenciosa e vazia. Não sabia o que fazer. Comecei a orar...
Desesperadamente pedindo que surgisse
alguém pra me dizer o que estava acontecendo.
Eu estava de olhos fechados. Senti uma luz diferente e
abri os olhos. Um homem negro, vestido com uma roupa laranja e com uma estranha luminosidade na região da cabeça
veio em mina direção.
E eu ali, meio sem saber se corria ou se ficava, pois
aquela sua luminosidade era esquisita também. Ele sorria... E de alguma forma
me passava uma profunda paz. Sentou-se ao meu lado.
Antes que eu conseguisse formular alguma pergunta me
disse... Aliás, ele não disse, mas eu o ouvia dentro de minha mente... Como num
filme terrivelmente rápido vi o que aconteceu... Na noite de 24 de outubro de
2017, ou seja, ontem, duas grandes potências mundiais declararam a 3ª Guerra
Mundial. Eu nem sabia dessas coisas, pois não acompanho o que dizem nos canais
de notícias. E creio mesmo que não era algo assim tão em vias de fatos...
Vi a retirada das pessoas importantes e das cúpulas de
poder para os abrigos subterrâneos que eu nunca soube que havia no Brasil...
Tudo às pressas. Vi gente sumindo no ar ao contato com as pulverizações que
chegaram pelo ar. Me concentrei para ver as imagens com menor velocidade e
pensei na minha família... Meus amigos... meus colegas de trabalho... Não
conseguia localizá-los.
E eu? Como sobrevivi? Como contatar os demais
sobreviventes? Vi em minha mente um tubo que tinha uma luz
azulada extremamente forte. Fiquei de pé.... E senti que estava sendo sugada
pelo tubo...
Fim da parte I
Guelnete Pinna
Salvdor, 24/07/15 16:30h
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