quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cartas de Schiller e Guel para a humanidade

Sérgio (sempre ele) pediu pra fazermos uma "carta" tendo com base as cartas de Schiller .
Aí está o resultado...

" Essa carta , escrita a quatro mãos por Schiller (em azul) e por mim (em rosa), destinam-se à humanidade...

Carta 0

Minhas idéias, nascidas antes do trato regular comigo mesmo que da rica experiência do mundo ou da leitura, não negarão sua origem; serão culpadas de várias falhas, mas não de sectarismo; irão desnudar a minha alma, demonstrando o meu equívoco em acreditar que o que penso pode se constituir num objeto de interesse à humanidade...
Como o químico, é pela dissolução que o filósofo encontra a unidade, é pelo tormento da arte que encontra a obra da natureza espontânea. É pela fugacidade de seus próprios conceitos que se entrega às suas divagações e é pelo pensamento livre que formula suas teorias.
Não haveria uso melhor para a liberdade que me concedeis do que chamar vossa atenção para o palco das belas artes? As artes, que tantas vezes produzem encantamento, prazer estético, emoções sutis, podem e devem ser o palco para a construção de uma verdadeira liberdade política? Pois a arte é a filha da liberdade e quer ser legislada pela necessidade do espírito, não pela privação da matéria. A matéria, no campo rígido da ciência, é a única verdade imposta e aceita pela sociedade atual. No entanto, as fronteiras da arte vão-se estreitando à medida que a ciência amplia as suas. Apesar dos movimentos atuais de campos da medicina e da ciência que já admitem os sentimentos e emoções como desencadeadores de processos patológicos, por exemplo, por muito tempo, só os aspectos físicos eram levados em consideração. O homem físico, entretanto, é real, enquanto o ético, apenas problemático.
O mecanismo vivo do Estado, enquanto máquina administrativa do sistema, precisa ser corrigido enquanto pulsa e as engrenagens precisam ser trocadas enquanto giram. Ou seja, a razão pede unidade, mas a natureza quer multiplicidade. Mas o que de fato legitima a razão? Um conjunto de pressupostos conhecidos e culturalmente aceitos?
E além da matéria, além da ciência, além do corpo e além do Estado, o que ainda nos fala? O homem traz irresistivelmente em sua pessoa a disposição para a divindade. O caminho para a divindade, se podemos chamar assim o que nunca nos levará a meta, é-lhe assinalado nos sentidos. Ou além desses sentidos conhecidos. Extrapolando para um extra-sensorial, ultra-sensação. Mesmo quando o homem/mulher não acredita em nada além do material, sobram-lhe situações em que a sensação sobrepõem-se à razão ou transita além da corporiedade.
Então, a liberdade não existe, porque as correntes da sociedade a detém, a cerceiam. E o Estado é condizente com uma moral produzida por alguns e praticada por poucos. Os rigores da lei não se pautam por uma ética coletiva. A própria ética pode ser mutável... ou já está tudo estabelecido e completamente ordenado?

OBS : Fazer esse trabalho foi um exercício interessante. Mas, analisando criticamente, fica uma dúvida: o que foi mesmo que eu Schiller dissemos? No que concordamos de fato?

2 comentários:

  1. Percebeu o que escreveu nessa OBS ? Sem querer (???) você disse "..que eu Schiller dissemos..."

    muito interessante esta forma de escrita/pensamento/reflexão sobre um autor, acho que deveria ser mais incentivada esta atividade...

    ResponderExcluir
  2. Boa observação, Zé...
    E o Natal? Passei nas primeiras fases do mestrado na UFBA e na UNEB... tou ansiosa paras aas outras fases... Beijo no seu coração!

    ResponderExcluir

Você leu... gostou? Faça um comentário! Não gostou? Faça um comentário! Ficou indiferente? Faça um comentário! Faça logo esse comentário, criatura!